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Sunday, May 30, 2004

Ficção?

O filme "The day after tomorrow" não é nenhuma obra-prima. Em termos cinematográficos vale a pena apenas por algumas belas imagens de gigantescos furacões vistos do espaço ou por dentro...
Neste filme, o clima da Terra muda radicalmente, iniciando-se uma nova era glaciar. O fenómeno que possibilita isto é o degelo nos pólos que está a lançar grandes quantidades de água doce no oceano, o que bloqueou uma corrente fundamental no Atlântico, que regula a temperatura global.
No filme, a velocidade com que esta mudança se dá é realmente alucinante, estando nitidamente ficcionada. Mas o dito fenómeno é muito real e está já em andamento.
Fiquei surpreendido ao ler isto na Nasa.



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Saturday, May 29, 2004

Ensino

"«Descobri mais uma coisa», continuei. «Folheando as páginas ao acaso e pondo o dedo e lendo as frases nessa página, posso demonstrar-vos o que se passa - que não é ciência, mas memorização, em todas as circunstâncias». (...) Assim fiz - enfiei o dedo e comecei a ler: «Triboluminescência. Triboluminescência é a luz emitida quando os cristais são esmagados...» Perguntei: «E aqui, temos ciência? Não! Disseram apenas o significado de uma palavra em termos de outras palavaras. Não disseram nada sobre a natureza - que cristais produzem luz quando esmagados, porque é que produzem luz. Viram algum estudante ir para casa experimentar? Nenhum pode.»
(...)
Por fim disse que não concebia que alguém pudesse ser educado por este sistema de autotransmissão, no qual as pessoas passam em exames e ensinam outras a passar em exames, mas ninguém sabe nada."

"Surely you're joking, Mr Feynman!" de Richard Feynman

Feynman referia-se ao sistema educativo brasileiro há uns tempos atrás.
É preciso combater esta tendência muito comum em Portugal. Tem de se criar o verdadeiro espírito científico; reduzir cargas horárias pesadíssimas de aulas teóricas e dar tempo livre para pensar e investigar as coisas, exemplificando.

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Monday, May 24, 2004

Uma fantasia incrível de criança, pela qual eu próprio passei e que, pelo que sei, não fui o único (está a ser difícil convencer a minha prima de 6 anos de que está errada). É algo que se passa só com a geração mais nova.
Pois há uma tendência dessas crianças em pensar que antigamente o mundo era realmente a preto e branco! Como as fotos e vídeos eram todas no tom cinza, acha-se, naqueles loucos primeiros anos, que as pessoas viam mesmo a preto e branco e que a partir de certa altura se deixou de ver desse modo. E eu lembro-me de pensar assim!
Não deixa de ser uma curiosidade engraçada nesse período completamente surreal das nossas vidas.

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Thursday, May 20, 2004

O nosso olho no espaço

Best of hubble. Que imagens incríveis, que cores tão belas!
Acho que o poder admirar as belezas cósmicas que existem é um direito que devemos lutar por preservar e ampliar, levando-o a toda a humanidade.
É que estas imagens têm muitos poderes, incluindo o de nos unir mais cá na Terra!

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Wednesday, May 19, 2004

Escuridão global

It's official: the world is getting darker. Scientists now agree that as cloud cover and particles in the atmosphere increase, the amount of radiation reaching us from the Sun is falling. And although they are nervous about raising the idea, they think the effect may help protect us from global warming.

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Elvin Jones (1927-2004)



o meu tributo a Elvin Jones, um dos maiores bateristas de sempre, falecido esta semana. o jazz está de luto.

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Monday, May 17, 2004

Estudos comprovam que crianças sem irmãos ou irmãs são e mantêm-se enquanto adultas pessoas pacatas, pouco inquietas; de espírito pouco crítico. Gente com irmãos, e nomeadamente os irmãos mais novos tornam-se muito mais rebeldes e revolucionários, originando pessoas que gostam de desafiar limites na idade adulta.
Ora, hoje em dia cada vez a taxa de natalidade decresce mais nos países mais desenvolvidos. Existem cada vez mais filhos únicos.
Será que entrarão em crise as qualidades de espírito revolucionário, não comodista e não conservador?

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Thursday, May 13, 2004

No outro dia ouvi dizer na rádio que a ANACOM (Autoridade Nacional de Comunicações) queria acabar com os blogs. Não estou mesmo a brincar. Não ouvi mal porque já vi isso referido noutros sítios. Parece que o motivo é a "difamação" feita pelos blogs, resultado de uma "ligação cada vez maior entre estes e o jornalismo".
Já pus o lacinho azul (contra a censura na internet) aqui na coluna ao lado...

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Esquerda vs. Direita

É engraçado notar que a tendência da gente de esquerda é considerar a homossexualidade uma determinação biológica à qual os atingidos não podem fugir, não tendo, portanto, culpa dela. Já os de direita tendem a achar que ela é predominantemente um factor cultural e, portanto, os homossexuais têm responsabilidade na sua preferência, podendo ser alvo de juízos por isso.
Já a questão da inferioridade ou superioridade de raças é tratada de modo oposto pelos dois. A gente de esquerda acha que a existirem raças a viver, em geral, com maior subdesenvolvimento e pobreza, essa é uma questão cultural e histórica; Os de direita (dos um pouco radicais, claro) já acham que a superioridade das raças é natural, genética.
As opções tomadas pelos dois lados parecem dar a ideia de que os primeiros (à gauche) gostam de pôr todos na mesma fasquia, enquanto que os segundos (à droite) gostam de fazer uma discriminação dos seres humanos.
Mas, ao mesmo tempo, os de direita vêm defender enfaticamente o direito à vida, nascida ou não (estando-me a referir à questão do aborto); enquanto que os de esquerda parecem fazer uma distinção entre o ser humano nascido ou por nascer.
Caramba, aonde está a equação para uns e para outros (ou seja, serão "matematicamente" previsíveis as suas atitudes?)? Isto se existir tal equação...

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Sunday, May 09, 2004

sobre classificações

O ser humano tem uma necessidade enorme de classificar. Faz sentido; as classificações são um modo de organização. E é importantíssimo ter o conhecimento organizado. Assim movimentamo-nos melhor nele. A questão é que as classificações são algo meramente humano, mas tão entranhado em nós que pensamos nelas como naturais.
Surgiu-me esta questão ao observar bactérias, no outro dia. Via aquela quantidade enorme de grânulos minúsculos, todos muito iguais, muito bem corados e pensava: “porque raio hei de chamar a isto bactérias?”. De facto, as únicas bactérias que existiram no universo foram aquelas que a pessoa que lhes resolveu chamar bactérias viu. O que eu vi não sei o que era. Para mim cada um daqueles pontos naquele campo visual era tão diferente um do outro como um candeeiro é de uma garrafa. As parecenças que os unem são muito insignificantes relativamente ao facto de não serem todos o mesmo ser. Mesmo que todos tenham derivado do mesmo ser e contenham o material genético semelhante, são entidades separadas e cada uma deveria ter o seu nome. Cada molécula de água dentro daqueles organismos é uma molécula diferente; cada átomo de hidrogénio é um átomo diferente; cada quark é um quark diferente…
Esta diversidade infinita leva-me a questionar se não existirá uma unidade implícita a tudo; algo que supere a diferença. Talvez o facto de todos existirem...
Mas que tremenda confusão seria se tivéssemos de nomear cada quark do universo!

Ao pensar nestas questões lembrei-me ainda de outra coisa. A classificação de seres vivos e seres não-vivos. Inclusivamente, será diferente classificar um punhado de seres como insectos e um punhado de sistemas físicos como buracos negros?
Tudo o que é vivo é composto por coisas não vivas. Será assim? Pelo menos os átomos que me constituem vão talvez formar uma nebulosa espacial, um dia. Então onde está a vida? Haverá uma diferença maior ou menor entre um ser vivo e um ser não vivo ou entre dois seres não vivos? Será essa uma classificação verdadeiramente natural?

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Friday, May 07, 2004

"Que bonita que ela é!"

"Um belo dia de primavera em Paris. Num café, um homem saboreia uma cerveja enquanto lê um jornal. Na mesa ao lado, uma mulher bebe o seu café vendo deambular os peões. De repente os seus olhares cruzam-se. Desencadeia-se, então uma série de acontecimentos. A luz do Sol, reflectida pelo corpo da mulher, penetra nos olhos do homem. Viajando à velocidade de 300.000 km/s, 10 biliões de fotões precipitam-se a cada segundo para cada uma das suas pupilas, atravessando, primeiro, um corpo oval chamado cristalino, depois uma substância transparente e gelatinosa, antes de chegarem à retina.
Na retina entram em acção 100 milhões de células em forma de cone. Algumas recebem uma grande quantidade de luz, aquela que provém das zonas brilhantes do corpo da mulher, como os seus lábios húmidos sublinhados por um brilhante baton vermelho. Outras recebem menos luz, aquela que provém de zonas mais sombrias do corpo da mulher. As células da retina são compostas por inumeráveis moléculas (compostas por 20 átomos de carbono, 28 de hidrogénio e 2 de oxigénio). Estas moléculas registam a luz efectuando uma espécie de estranha dança. Cada moilécula da retina está em repouso até ser activada pela luz. Aí faz uma proteína ligada a ela desenrugar-se, separando-se dela. Depois a proteína volta a enrugar, esperando pela chegada da partícula de luz seguinte.
Todos estes acontecimentos duram menos de um milésimo de segundo, desde que o olhar do homem pousou sobre o da mulher. Neste momento o homem ainda não está consciente do que está vendo. Ainda falta os neurónios entrarem em cena.
A dança das moléculas da retina vai pôr em movimento os neurónios, primeiro nos olhos, depois no cérebro. As moléculas que se encontram à superfície dos neurónios mudam de forma, bloqueando o fluxo de iões de sódio no líquido que as rodeia, e provocando uma corrente eléctrica que se propaga, de neurónio em neurónio, desde o olho até ao cérebro (..............) Ao fim de alguns milésimos de segundo a imagem é reconstruída no cérebro do homem. Finalmente ele vê a mulher. Repara nos seus cabelos louros curtos, nos seus grandes olhos azuis e no fato castanho escuro que lhe molda o corpo, na cabeça ligeiramente inclinada que lhe dá um ar sonhador.
Todos estes processos são, como se viu, bem conhecidos. Os progressos da neurobiologia revelam todos os dias novos segredos do cérebro. Mas o que ainda não foi compreendido é o processo que faz nascer o pensamento que atravessa o espírito do homem como um relâmpago: "Que bonita que ela é!"

Trinh Xuan Thuan "O caos e a harmonia" (adaptado)

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Wednesday, May 05, 2004

Masanta; "Future type amphibians & wandering plants"



Uma artista asiática inserida no movimento de arte digital

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Ganda MOCA!

É engraçadíssimo notar a evolução da arte usufruindo dos novos meios digitais e cibernéticos. É como se se tivesse cavado um buraco que vai dar a novos locais, compostos por materiais e estruturas completamente diferentes e, a seguir, um jorro de água começasse a invadir essas galerias e a explorá-las. Há cada vez mais autores a entrar nessa corrente e a juntar a ela conceitos e ferramentas dos novos campos da matemática e complexidade. Dentro dum site bestial com links para tudo o que é arte, de todas as épocas e locais, existem algumas ligações a sites destes novos "artistas digitais" incluídos no Museum of computer art (MOCA)

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Monday, May 03, 2004

Cientista

Vem na Scientific American de Abril (ed. brasileira.).
Chama-se Bonnie Bassler, tem 41 anos. Levanta-se exactamente às 5:42 da manhã "nem um minuto antes, nem um minuto depois". Às 6:15 dá uma aula de aeróbica e depois dirige-se até à Princeton University, onde faz investigação. Trabalha com bactérias, estudando a comunicação entre elas (tal como tinha falado num post atrás). É ocasionalmente actriz, dançarina e cantora. "Não fui feita para ficar parada no tempo"; "Fui feita para ser um furacão".
Sobre alcançar o sucesso científico: "Sou uma pessoa para quem nada está bom o bastante. Acho sempre que está tudo errado. O meu legado aos alunos é que eles achem, também, que está tudo errado".
"Simplesmente feroz", como diz o seu colega Silverman.


Bonnie, em pose, com pipeta, para a câmara


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Ter interesses e usar pessoas em função desses interesses é coisa naturalíssima, pois a própria Natureza é um grande exemplo desses comportamentos. Desde a flor que leva a mosca ao seu interior e alimenta-a com o melhor néctar durante dias para depois a largar, fazendo com que leve grandes quantidades de pólen consigo, à humilde árvore que produz grandes e deliciosos frutos só para que muitos os comam e levem as suas sementes.
Faria sentido chamar à árvore e à flor interesseiras? Para a Natureza, ser interesseiro é uma alternativa totalmente válida para a sobrevivência. De facto, ética é coisa pouco observável no mundo natural. Solidariedade só mesmo as térmitas soldado que se sacrificam em prol da colónia

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Sunday, May 02, 2004

Ângulos nas horas

Fazia mais sentido medirmos as horas em graus (ou radianos)! À meia noite diríamos: "girámos 360º ou (2pi rad)". Já estão a perceber... uma vez que as horas são fruto da rotação da Terra, o ângulo descrito por quem está à superfície do planeta é que interessa. Tudo o resto seria complicar uma coisa tão simples.
Até se podia fazer relógios engraçados com uma representação do globo terrestre 3D e um ponteiro. À medida que o ponteiro girava, indicando os graus, o globo acompanhava-o, executando a sua rotação, em simultâneo com o astro real.

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