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Tuesday, April 10, 2007

Como se constrói uma pessoa 


A opinião pública e as escolhas de uma sociedade como um todo são coisas tratadas com muito respeitinho, de um modo geral, como coisas absolutas. Mas é sempre bom lembrar que a esmagadora maioria das pessoas tem as suas ideias sobre o mundo e faz as suas escolhas com base em razões muito mal alicerçadas e em argumentos facilmente rebatíveis por um sofista de terceira. Ou seja, nós, como um todo, vamos sendo rebocados por decisões que têm muita ignorância na sua génese. E esta falta de reflexão e aprofundamento acontece em maior ou menor grau a todos. No entanto, consideramos tudo isto inevitável. Mas não o é! Depende apenas de um investimento sério (que não tem de envolver muito dinheiro sequer...) na educação.

Vou usar uma metáfora para complementar.

Imaginemo-nos ao início como uma tábua na qual vamos começar a juntar bolas de plasticina umas sobre as outras, que correspondem a ideias e conceitos sobre as coisas. Podemos ter diferentes cores de plasticina, consoante a abordagem aos problemas (esquerda/direita, católico/budista) assim como as bolas podem ser mais redondas ou achatadas, consoante aprofundemos ou conheçamos mais ou menos os conceitos - quanto mais achatadas mais o dominamos, mais claro é o seu interior.

Vamos construindo assim uma estrutura que se vai mantendo de pé, por muito redondas que sejam as bolas, já que a própria adesividade da plasticina (que pode funcionar como uma outra variável - há quem tenha adesividade para, com uma série de conceitos estapafúrdios e dissonantes, construir uma catedral rococó) assim o garante.

Neste sistema seria desejável um total achatamento das bolas, que estas se tornassem mantas finíssimas, até ficarem transparentes, sendo colocadas umas por cima das outras. Isso representaria um domínio total sobre os conceitos da nossa humanidade, capaz até de fazer prescindir qualquer norma exterior.


Pode parecer naive isto de que o conhecimento equivale a bondade. Eu diria que indirectamente acaba por ser verdade. A vantagem no conhecimento é permitir mais pontos de contacto entre as pessoas (quanto mais achatada a bola, maior a área de superfície), facilitando o seu contacto e daí evitando os conflitos, logo potenciando aquilo que consideramos "Bom" ou o "Bem".

Todos os momentos são bons pra fazer este post, mas pareceu-me pertinente escrevê-lo agora, quando se fala muito na nossa sociedade sobre a abordagem a certos conceitos relacionados com a intolerância e a repressão. Não se pode resolver estes problemas e ameaças latentes dizendo duas ou três coisas na televisão, que serão talvez o resultado final de um processo de pensamento sobre eles. É, aliás, perigoso. O importante é que as próprias populações sejam capazes de realizar esse processo, de induzir as equações. Essa capacidade só pode ser gerada por um sólido e gradual processo de educação (que, acrescentaria, não tem de ter nenhuma condicionante etária, embora seja sempre mais fácil começar bem do princípio).

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