Tuesday, September 27, 2005
"By inventing electric technology we have externalized our central nervous system; that is, our minds. We now have to presume that 'there's only one mind, the one we all share.' We have to go beyond private and personal mind-sets and understand how radically things have changed. Mind became socialized. 'We can't change our minds without changing the world'. Mind as a man-made extension became our environment, which is characterized as 'the collective consciousness,' which we could use by creating 'a global utilities network.' "
O superorganismo criado pela Rede de pessoas em todo deverá fundir-se com o planeta Terra. Gaia adquire um cérebro.
E imaginem isto em todo o sistema solar, em todo o universo.
Monday, September 26, 2005
Singularidade
Foi publicado o último livro do inventor e futurólogo Ray Kurzweil: "The singularity is near".
O que é a singularidade? Em cosmologia, singularidade é "uma região do espaço-tempo onde as leis da física actualmente conhecidas entram em colapso e as equações perdem o seu significado". Para Kurzweil ocorrerá a singularidade quando os humanos transcederem a sua condição biológica. Pegando na definição da física, será quando nós humanos deixarmos de ser regidos pelas "leis" da biologia. E tal será consequência da união entre o Homem e a máquina. Todo o conhecimento e capacidades do cérebro humano serão potenciadas por tecnologias criadas pelo próprio. Não existirão limites. Seremos triliões de vezes mais inteligentes. Tudo graças a desenvolvimentos da genética, robótica e nanotecnologia.
Pelo que parece, o livro é escrito num tom exageradamente optimista, pouco cuidado e até de algum histerismo, típico deste autor. Assim, ele prediz uma utopia habitada pelo homem-máquina. Acabará a fome no mundo, acabará a poluição, não existirão mais doenças, não envelheceremos, não morreremos, ... A nanotecnologia permitirá criar praticamente qualquer produto físico através de informação ao alcance de todos. A nanotecnologia, manipulação de estruturas ao nível atómico e molecular, poderá de facto permitir a construção de coisas novas a partir de outras, por reconfiguração dos átomos. Em último caso poderá mesmo tornar eventuais mortes um problema solúvel.
Ideias provocadoras. Mas é sempre bom semear o futuro com ideias belas que nos façam sonhar.
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Foi publicado o último livro do inventor e futurólogo Ray Kurzweil: "The singularity is near".
O que é a singularidade? Em cosmologia, singularidade é "uma região do espaço-tempo onde as leis da física actualmente conhecidas entram em colapso e as equações perdem o seu significado". Para Kurzweil ocorrerá a singularidade quando os humanos transcederem a sua condição biológica. Pegando na definição da física, será quando nós humanos deixarmos de ser regidos pelas "leis" da biologia. E tal será consequência da união entre o Homem e a máquina. Todo o conhecimento e capacidades do cérebro humano serão potenciadas por tecnologias criadas pelo próprio. Não existirão limites. Seremos triliões de vezes mais inteligentes. Tudo graças a desenvolvimentos da genética, robótica e nanotecnologia.
Pelo que parece, o livro é escrito num tom exageradamente optimista, pouco cuidado e até de algum histerismo, típico deste autor. Assim, ele prediz uma utopia habitada pelo homem-máquina. Acabará a fome no mundo, acabará a poluição, não existirão mais doenças, não envelheceremos, não morreremos, ... A nanotecnologia permitirá criar praticamente qualquer produto físico através de informação ao alcance de todos. A nanotecnologia, manipulação de estruturas ao nível atómico e molecular, poderá de facto permitir a construção de coisas novas a partir de outras, por reconfiguração dos átomos. Em último caso poderá mesmo tornar eventuais mortes um problema solúvel.
Ideias provocadoras. Mas é sempre bom semear o futuro com ideias belas que nos façam sonhar.
Wednesday, September 21, 2005
Que educação? (What does it mean to have an educated mind in the 21st century?)
Para acabar com este tema do evolucionismo.
Acho que tenho de me render à opinião de Roger Schank (acompanhar todo o debate aqui). O que devemos ensinar nas escolas? O darwinismo ou o fixismo? Como devemos apresentar tudo isto aos alunos? Schank diz, com razão, que não devemos ensinar nenhuma das teorias! A doutrinação deve ser deixada fora da escola. O que deve ser realmente ensinado é como pensar, dar aos alunos os meios para poderem ser eles a decidir bem (o que os levará provavelmente a refutar o fixismo). Na escola não se deve doutrinar ninguém, é preciso abandonar questões de poder académico. É preciso valorizar o pensamento divergente e o desenvolvimento de ideias próprias. Por isso é tão importante o ensino de filosofia nas nossas escolas, prática europeia estranha aos americanos.
Pesquisando um pouco sobre o Dr. Schank (um especialista em ciências da educação e inteligência artificial) na internet descobri um texto da sua autoria sobre o estado actual da eduação. Leiam, é a continuação deste post.
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Para acabar com este tema do evolucionismo.
Acho que tenho de me render à opinião de Roger Schank (acompanhar todo o debate aqui). O que devemos ensinar nas escolas? O darwinismo ou o fixismo? Como devemos apresentar tudo isto aos alunos? Schank diz, com razão, que não devemos ensinar nenhuma das teorias! A doutrinação deve ser deixada fora da escola. O que deve ser realmente ensinado é como pensar, dar aos alunos os meios para poderem ser eles a decidir bem (o que os levará provavelmente a refutar o fixismo). Na escola não se deve doutrinar ninguém, é preciso abandonar questões de poder académico. É preciso valorizar o pensamento divergente e o desenvolvimento de ideias próprias. Por isso é tão importante o ensino de filosofia nas nossas escolas, prática europeia estranha aos americanos.
Pesquisando um pouco sobre o Dr. Schank (um especialista em ciências da educação e inteligência artificial) na internet descobri um texto da sua autoria sobre o estado actual da eduação. Leiam, é a continuação deste post.
Evolução; Economia
Retomo o tema do evolucionismo e fixismo.
Um dos argumentos tão queridos dos fixistas contra a tese do darwinismo é o de não fazer sentido que sistemas biológicos tão complexos surjam do nada por mero acaso. Tal argumento, contudo, não tem sentido. O acaso existe, mas não costumam aparecer coisas grandes de repente e que ainda por cima funcionem bem. Os sistemas são complexos porque há uma construção, ou não fosse o darwinismo uma tese evolucionista. Isto é explicado pelo matemático John Allen Paulos num texto recente. Para melhor elucidar os fixistas ele usa um (bom) exemplo, presente especialmente na nossa sociedade ocidental moderna - a complexa economia de mercado. Como é possível que exista um sistema tão complexo de produção, distribuição, comunicação, etc? Em qualquer café que entre posso encontrar a minha marca de chocolates preferida. E posso também comprá-la em várias cidades pelo mundo fora. É tudo tão perfeito, chips de computadores suficientes e todos no sítio certo em fábricas de todo o mundo. Onde é preciso combustível ele lá chega; redes informáticas tão complexas e que funcionam tão bem e nos satisfazem tantas necessidades. Quem desenhou esta maravilha de complexidade?
Bem, a resposta óbvia é a de que não foi nenhum Deus comercial todo-poderoso. O sistema construiu-se a si próprio. A complexidade não surgiu de repente; as peças não se encaixaram todas no sítio certo por nenhum milagre. Tudo se foi construindo.
O que Paulos brilhantemente faz notar é que muitos dos adeptos do fixismo, puritanos radicais, são também os maiores defensores desta economia de mercado. E, tal como o senso comum diz, não pensam que foi um Deus económico que criou essa economia. Uma dessas pessoas não admitiria que existe um planeamento original no sistema económico. Então há aqui uma certa contradição! É-se capaz de admitir, por um lado, que alterações económicas que beneficiem as pessoas são adoptadas e fixadas, vindo a ser progressivamente alteradas enquanto se tornam parte de um sistema de trocas maior, enquanto que as que não são desaparecem. Mas, simultaneamente, no que toca a sistemas biológicos não admitem a existência de processos "cegos" que levem a uma organização espontânea.
Por muito diferente que a economia seja da biologia, acho que este exemplo se adapta perfeitamente e mostra quão absurdo o fixismo pode ser.
O que diriam de alguém que acreditasse numa Inteligência económica que teria "desenhado" toda a nossa economia de mercado?
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Retomo o tema do evolucionismo e fixismo.
Um dos argumentos tão queridos dos fixistas contra a tese do darwinismo é o de não fazer sentido que sistemas biológicos tão complexos surjam do nada por mero acaso. Tal argumento, contudo, não tem sentido. O acaso existe, mas não costumam aparecer coisas grandes de repente e que ainda por cima funcionem bem. Os sistemas são complexos porque há uma construção, ou não fosse o darwinismo uma tese evolucionista. Isto é explicado pelo matemático John Allen Paulos num texto recente. Para melhor elucidar os fixistas ele usa um (bom) exemplo, presente especialmente na nossa sociedade ocidental moderna - a complexa economia de mercado. Como é possível que exista um sistema tão complexo de produção, distribuição, comunicação, etc? Em qualquer café que entre posso encontrar a minha marca de chocolates preferida. E posso também comprá-la em várias cidades pelo mundo fora. É tudo tão perfeito, chips de computadores suficientes e todos no sítio certo em fábricas de todo o mundo. Onde é preciso combustível ele lá chega; redes informáticas tão complexas e que funcionam tão bem e nos satisfazem tantas necessidades. Quem desenhou esta maravilha de complexidade?
Bem, a resposta óbvia é a de que não foi nenhum Deus comercial todo-poderoso. O sistema construiu-se a si próprio. A complexidade não surgiu de repente; as peças não se encaixaram todas no sítio certo por nenhum milagre. Tudo se foi construindo.
O que Paulos brilhantemente faz notar é que muitos dos adeptos do fixismo, puritanos radicais, são também os maiores defensores desta economia de mercado. E, tal como o senso comum diz, não pensam que foi um Deus económico que criou essa economia. Uma dessas pessoas não admitiria que existe um planeamento original no sistema económico. Então há aqui uma certa contradição! É-se capaz de admitir, por um lado, que alterações económicas que beneficiem as pessoas são adoptadas e fixadas, vindo a ser progressivamente alteradas enquanto se tornam parte de um sistema de trocas maior, enquanto que as que não são desaparecem. Mas, simultaneamente, no que toca a sistemas biológicos não admitem a existência de processos "cegos" que levem a uma organização espontânea.
Por muito diferente que a economia seja da biologia, acho que este exemplo se adapta perfeitamente e mostra quão absurdo o fixismo pode ser.
O que diriam de alguém que acreditasse numa Inteligência económica que teria "desenhado" toda a nossa economia de mercado?
Wednesday, September 14, 2005
"A partida
Ordenei que trouxessem o meu cavalo dos estábulos. O criado não compreendeu as minhas ordens. Por isso fui eu próprio até aos estábulos, selei o meu cavalo e montei. Escutei à distância o som de uma trompete e perguntei ao criado o que significava. Ele não sabia nada, nada ouvira. Frente ao portão deteve-me e perguntou: «Onde vai o meu amo?»«Não sei», respondi, «Daqui para fora, vou-me embora, apenas. Daqui para fora, é só. Só assim conseguirei atingir o meu objectivo». «Então vossa senhoria sabe qual é o seu objectivo?», perguntou ele. «Sim», retorqui. «Já te disse: daqui para fora - é esse o meu objectivo.»"
F. Kafka
Irei seguir também a trompete que soa lá para Lisboa, para fora do Porto. Lá estudarei a arte de Hipócrates e Galeno. A aventura vai começar!
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Ordenei que trouxessem o meu cavalo dos estábulos. O criado não compreendeu as minhas ordens. Por isso fui eu próprio até aos estábulos, selei o meu cavalo e montei. Escutei à distância o som de uma trompete e perguntei ao criado o que significava. Ele não sabia nada, nada ouvira. Frente ao portão deteve-me e perguntou: «Onde vai o meu amo?»«Não sei», respondi, «Daqui para fora, vou-me embora, apenas. Daqui para fora, é só. Só assim conseguirei atingir o meu objectivo». «Então vossa senhoria sabe qual é o seu objectivo?», perguntou ele. «Sim», retorqui. «Já te disse: daqui para fora - é esse o meu objectivo.»"
F. Kafka
Irei seguir também a trompete que soa lá para Lisboa, para fora do Porto. Lá estudarei a arte de Hipócrates e Galeno. A aventura vai começar!
Tuesday, September 13, 2005
Wearable computers
Há gente a desenvolver este conceito. Particularmente, um investigador canadiano, Steve Mann, que, de certo modo, quer transformar as pessoas em cyborgs. Mann desenvolve aparelhos ópticos para serem colocados ao nível do olho e que nos permitirão viver num computador gigante. Os seus objectos (na imagem) não só podem gravar imagens como funcionam como ecrãs, mostrando-nos a realidade como desktop de computador. Esse computador quase incorporado é manipulado através de um controlo de mão, embora Mann esteja a tentar desenvolver eléctrodos que permitiriam serem simplesmente ondas cerebrais a fazê-lo. Paralelamente, e também muito interessante, é o significado que Mann dá à sua tecnologia. Ele acredita que o acesso das pessoas aos computadores lhes dá mais poder para manter a sua individualidade e privacidade. É uma questão de equilibrar forças. Se as grandes empresas e corporações podem e estão a filmar-nos constantemente, espiando as nossas acções, o cidadão comum também deve poder fazê-lo filmando o que vê, podendo denunciar qualquer situação de abuso também. Por exemplo, um destes cyborgs poderia filmar um desempenho incorrecto da polícia numa manifestação e imediatamente publicar as imagens na internet em sites que Mann apelidou de 'glogs' (cyborg blogs). Mann é, de facto, um activista, fazendo performances públicas em que entra em lojas a filmar ostensivamente, discutindo com os empregados que o impedem de o fazer, etc. Se virmos bem, os aparelhos de Mann para filmar não são grande novidade. Hoje há telemóveis que acabam por poder fazer algo semelhante. Mann, porém, alargou o conceito aos 'glogs' e acha que as câmaras e o computador devem poder ser integrados na porção menor de espaço possível, numa lente de contacto, por exemplo.
Estamos mesmo a falar de muito mais que telemóveis que filmam. "Os wearable computers permitem explorar a minha humanidade" diz o cientista. Está-se perante uma transformação fantástica. Poderemos estar na realidade como dentro de um computador, lendo e-mails numa parede, etc. -- "Mann envisions future generations walking down the street and seeing virtual, personalized messages on bus stops and building walls. A friend could log onto your 'glog' to see where you were, then fire off a quick e-mail that only you would see on the park bench: “Turn around _ you went two blocks too far.”"--
Existirá uma alteração profunda na mente e consciência dos seres humanos. As pessoas vão passar a interagir com a realidade de um modo diferente. Os seres humanos passarão a outro nível na escala animal. Entrarão definitivamente numa nova era. E na opinião de muita gente esta revolução é mesmo inevitável.
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Há gente a desenvolver este conceito. Particularmente, um investigador canadiano, Steve Mann, que, de certo modo, quer transformar as pessoas em cyborgs. Mann desenvolve aparelhos ópticos para serem colocados ao nível do olho e que nos permitirão viver num computador gigante. Os seus objectos (na imagem) não só podem gravar imagens como funcionam como ecrãs, mostrando-nos a realidade como desktop de computador. Esse computador quase incorporado é manipulado através de um controlo de mão, embora Mann esteja a tentar desenvolver eléctrodos que permitiriam serem simplesmente ondas cerebrais a fazê-lo. Paralelamente, e também muito interessante, é o significado que Mann dá à sua tecnologia. Ele acredita que o acesso das pessoas aos computadores lhes dá mais poder para manter a sua individualidade e privacidade. É uma questão de equilibrar forças. Se as grandes empresas e corporações podem e estão a filmar-nos constantemente, espiando as nossas acções, o cidadão comum também deve poder fazê-lo filmando o que vê, podendo denunciar qualquer situação de abuso também. Por exemplo, um destes cyborgs poderia filmar um desempenho incorrecto da polícia numa manifestação e imediatamente publicar as imagens na internet em sites que Mann apelidou de 'glogs' (cyborg blogs). Mann é, de facto, um activista, fazendo performances públicas em que entra em lojas a filmar ostensivamente, discutindo com os empregados que o impedem de o fazer, etc. Se virmos bem, os aparelhos de Mann para filmar não são grande novidade. Hoje há telemóveis que acabam por poder fazer algo semelhante. Mann, porém, alargou o conceito aos 'glogs' e acha que as câmaras e o computador devem poder ser integrados na porção menor de espaço possível, numa lente de contacto, por exemplo.
Estamos mesmo a falar de muito mais que telemóveis que filmam. "Os wearable computers permitem explorar a minha humanidade" diz o cientista. Está-se perante uma transformação fantástica. Poderemos estar na realidade como dentro de um computador, lendo e-mails numa parede, etc. -- "Mann envisions future generations walking down the street and seeing virtual, personalized messages on bus stops and building walls. A friend could log onto your 'glog' to see where you were, then fire off a quick e-mail that only you would see on the park bench: “Turn around _ you went two blocks too far.”"--
Existirá uma alteração profunda na mente e consciência dos seres humanos. As pessoas vão passar a interagir com a realidade de um modo diferente. Os seres humanos passarão a outro nível na escala animal. Entrarão definitivamente numa nova era. E na opinião de muita gente esta revolução é mesmo inevitável.
Friday, September 09, 2005
(ainda as testemunhas de Jeová) "Design inteligente"
Ou "Intelligent Design". É a nova capa com o velho conteúdo: criacionismo. Já é sabido que nos EUA se tem debatido a importância de também ensinar esta "teoria" nas escolas como alternativa ao darwinismo. Pretendem, os defensores do tal "design inteligente", que se ensine a "controvérsia" entre estas duas perspectivas.
Vou pegar nos artigos que li aqui (têm que guardar este site!) para desenvolver.
O problema é que não há sequer uma controvérsia. O "design inteligente", como teoria, é um vazio absoluto. E eu tenho também o tal livro das testemunhas de Jeová que apresenta os pontos de vista do criacionismo. O que este criacionismo moderno faz é muito simples e parece ser eficaz: aponta lacunas numa teoria para depois dizer que, consequentemente, não pode estar certa, apresentando-se como a alternativa válida. Mas esquece-se que também tem de ter provas para ser aceite como teoria válida. O darwinismo tem talvez milhares de provas que apontam para que esteja correcto e ainda não foi descoberto nada que o descredibilize totalmente. Não encontrámos fósseis de humanos com 100 milhões de anos, por exemplo. Para que o criacionismo se afirme precisa de provas, de gente que publique artigos... só assim pode ser uma alternativa ao darwinismo. No meu livrinho, as testemunhas de Jeová pegam na Bíblia como o tal artigo científico. Citam as várias etapas da criação na ordem que vem no Génesis, dizem que essa sequência está correcta de acordo com os cientistas e a seguir perguntam "Como seria possível um homem à sorte colocar a sequência correcta?". Pronto, e então está tudo provado quando se diz: "Produzam as águas um enxame de almas viventes e voem criaturas voadoras sobre a terra, na face da expansão dos céus". Basta que alguém tenha escrito isto há cinco mil anos para se ter uma sólida teoria, certamente capaz de derrotar o darwinismo.
Recapitulando, o problema é que os criacionistas criticam o darwinismo por não ter fósseis suficientes, etc, etc, mas não dão qualquer explicação melhor, afirmando-se, no entanto, como tendo uma solução preferível. Isto é extremamente injusto, escusado será dizer. Também é necessário que o "design inteligente" tenha pelo menos alguma ideia sobre quem "projectou" o designer... ou pelo menos admitir que têm aí uma falha grave (os cientistas também não podem atirar muitas pedras sobre esse assunto, pois não fazem a mínima ideia do que precedeu o big bang).
Concluindo, o debate com o "design inteligente" é uma perda de tempo. Porque há várias outras questões dentro do darwinismo que são realmente controversas e importa discutir com os alunos e comunidade...
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Ou "Intelligent Design". É a nova capa com o velho conteúdo: criacionismo. Já é sabido que nos EUA se tem debatido a importância de também ensinar esta "teoria" nas escolas como alternativa ao darwinismo. Pretendem, os defensores do tal "design inteligente", que se ensine a "controvérsia" entre estas duas perspectivas.
Vou pegar nos artigos que li aqui (têm que guardar este site!) para desenvolver.
O problema é que não há sequer uma controvérsia. O "design inteligente", como teoria, é um vazio absoluto. E eu tenho também o tal livro das testemunhas de Jeová que apresenta os pontos de vista do criacionismo. O que este criacionismo moderno faz é muito simples e parece ser eficaz: aponta lacunas numa teoria para depois dizer que, consequentemente, não pode estar certa, apresentando-se como a alternativa válida. Mas esquece-se que também tem de ter provas para ser aceite como teoria válida. O darwinismo tem talvez milhares de provas que apontam para que esteja correcto e ainda não foi descoberto nada que o descredibilize totalmente. Não encontrámos fósseis de humanos com 100 milhões de anos, por exemplo. Para que o criacionismo se afirme precisa de provas, de gente que publique artigos... só assim pode ser uma alternativa ao darwinismo. No meu livrinho, as testemunhas de Jeová pegam na Bíblia como o tal artigo científico. Citam as várias etapas da criação na ordem que vem no Génesis, dizem que essa sequência está correcta de acordo com os cientistas e a seguir perguntam "Como seria possível um homem à sorte colocar a sequência correcta?". Pronto, e então está tudo provado quando se diz: "Produzam as águas um enxame de almas viventes e voem criaturas voadoras sobre a terra, na face da expansão dos céus". Basta que alguém tenha escrito isto há cinco mil anos para se ter uma sólida teoria, certamente capaz de derrotar o darwinismo.
Recapitulando, o problema é que os criacionistas criticam o darwinismo por não ter fósseis suficientes, etc, etc, mas não dão qualquer explicação melhor, afirmando-se, no entanto, como tendo uma solução preferível. Isto é extremamente injusto, escusado será dizer. Também é necessário que o "design inteligente" tenha pelo menos alguma ideia sobre quem "projectou" o designer... ou pelo menos admitir que têm aí uma falha grave (os cientistas também não podem atirar muitas pedras sobre esse assunto, pois não fazem a mínima ideia do que precedeu o big bang).
Concluindo, o debate com o "design inteligente" é uma perda de tempo. Porque há várias outras questões dentro do darwinismo que são realmente controversas e importa discutir com os alunos e comunidade...
Tuesday, September 06, 2005
Deus sináptico
Um médico, em 1990, reparou que em "A criação de Adão" de Miguelângelo, presente no tecto da capela sistina, Deus se movia num cérebro. A partir daí não pararam de surgir ligações entre aquela figura e o conhecimento que se tem actualmente sobre o órgão. São várias as ligações, algumas delas realmente fantásticas. Por exemplo, aquele lencinho azul descreve as curvas de um vaso sanguíneo realmente existente; a forma do cérebro desenhado representa com precisão os contornos de um verdadeiro cérebro, com uma precisão cirúrgica, dizem os especialistas. Há um pé de um anjo, em baixo, que se assemelha imenso à glândula pituitária que ali se encontra. Mas existem outras coisas espantosas. Há um anjo triste debaixo do braço direito de Deus, precisamente no local activado, sabe-se hoje, quando alguém experimenta um pensamento triste. O braço direito de Deus também está colocado sobre o córtex pré-frontal, a zona mais humana e onde se pensa estar localizado o pensamento criativo, etc, peculiariedade humana expressa depois através da sua incrível habilidade manual e capacidade de construir coisas. Deus ocupa também uma zona do cérebro denominada sistema límbico, o centro emocional do cérebro. Outro pormenor extremamanete curioso é a ligação a Adão. Os dedos de ambos aproximam-se imenso sem, no entanto, se tocarem. Dá a sensação de que Deus, através de uma faísca dá vida ao homem. Tal assemelha-se às sinapses (na outra imagem), os pontos de ligação entre neurónios, que através de fenómenos electroquímicos são responsáveis por tudo o que somos e fazemos.
Claro que agora se deve perguntar "Como era possível Miguelângelo saber disso tudo?". Sabe-se apenas que ele se dedicava a estudos anatómicos com cadáveres. Daí deve vir o rigor da forma do cérebro. Tudo o resto é coincidência, penso eu. No entanto, tudo o resto revela a fantástica sensibilidade do artista.
Para acabar, junto-me a alguns numa interpretação engraçada desta representação: Miguelângelo pode querer dizer-nos que Deus não existe senão nas nossas cabeças!
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Um médico, em 1990, reparou que em "A criação de Adão" de Miguelângelo, presente no tecto da capela sistina, Deus se movia num cérebro. A partir daí não pararam de surgir ligações entre aquela figura e o conhecimento que se tem actualmente sobre o órgão. São várias as ligações, algumas delas realmente fantásticas. Por exemplo, aquele lencinho azul descreve as curvas de um vaso sanguíneo realmente existente; a forma do cérebro desenhado representa com precisão os contornos de um verdadeiro cérebro, com uma precisão cirúrgica, dizem os especialistas. Há um pé de um anjo, em baixo, que se assemelha imenso à glândula pituitária que ali se encontra. Mas existem outras coisas espantosas. Há um anjo triste debaixo do braço direito de Deus, precisamente no local activado, sabe-se hoje, quando alguém experimenta um pensamento triste. O braço direito de Deus também está colocado sobre o córtex pré-frontal, a zona mais humana e onde se pensa estar localizado o pensamento criativo, etc, peculiariedade humana expressa depois através da sua incrível habilidade manual e capacidade de construir coisas. Deus ocupa também uma zona do cérebro denominada sistema límbico, o centro emocional do cérebro. Outro pormenor extremamanete curioso é a ligação a Adão. Os dedos de ambos aproximam-se imenso sem, no entanto, se tocarem. Dá a sensação de que Deus, através de uma faísca dá vida ao homem. Tal assemelha-se às sinapses (na outra imagem), os pontos de ligação entre neurónios, que através de fenómenos electroquímicos são responsáveis por tudo o que somos e fazemos.
Claro que agora se deve perguntar "Como era possível Miguelângelo saber disso tudo?". Sabe-se apenas que ele se dedicava a estudos anatómicos com cadáveres. Daí deve vir o rigor da forma do cérebro. Tudo o resto é coincidência, penso eu. No entanto, tudo o resto revela a fantástica sensibilidade do artista.
Para acabar, junto-me a alguns numa interpretação engraçada desta representação: Miguelângelo pode querer dizer-nos que Deus não existe senão nas nossas cabeças!