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Wednesday, September 21, 2005

Evolução; Economia

Retomo o tema do evolucionismo e fixismo.
Um dos argumentos tão queridos dos fixistas contra a tese do darwinismo é o de não fazer sentido que sistemas biológicos tão complexos surjam do nada por mero acaso. Tal argumento, contudo, não tem sentido. O acaso existe, mas não costumam aparecer coisas grandes de repente e que ainda por cima funcionem bem. Os sistemas são complexos porque há uma construção, ou não fosse o darwinismo uma tese evolucionista. Isto é explicado pelo matemático John Allen Paulos num texto recente. Para melhor elucidar os fixistas ele usa um (bom) exemplo, presente especialmente na nossa sociedade ocidental moderna - a complexa economia de mercado. Como é possível que exista um sistema tão complexo de produção, distribuição, comunicação, etc? Em qualquer café que entre posso encontrar a minha marca de chocolates preferida. E posso também comprá-la em várias cidades pelo mundo fora. É tudo tão perfeito, chips de computadores suficientes e todos no sítio certo em fábricas de todo o mundo. Onde é preciso combustível ele lá chega; redes informáticas tão complexas e que funcionam tão bem e nos satisfazem tantas necessidades. Quem desenhou esta maravilha de complexidade?
Bem, a resposta óbvia é a de que não foi nenhum Deus comercial todo-poderoso. O sistema construiu-se a si próprio. A complexidade não surgiu de repente; as peças não se encaixaram todas no sítio certo por nenhum milagre. Tudo se foi construindo.
O que Paulos brilhantemente faz notar é que muitos dos adeptos do fixismo, puritanos radicais, são também os maiores defensores desta economia de mercado. E, tal como o senso comum diz, não pensam que foi um Deus económico que criou essa economia. Uma dessas pessoas não admitiria que existe um planeamento original no sistema económico. Então há aqui uma certa contradição! É-se capaz de admitir, por um lado, que alterações económicas que beneficiem as pessoas são adoptadas e fixadas, vindo a ser progressivamente alteradas enquanto se tornam parte de um sistema de trocas maior, enquanto que as que não são desaparecem. Mas, simultaneamente, no que toca a sistemas biológicos não admitem a existência de processos "cegos" que levem a uma organização espontânea.
Por muito diferente que a economia seja da biologia, acho que este exemplo se adapta perfeitamente e mostra quão absurdo o fixismo pode ser.
O que diriam de alguém que acreditasse numa Inteligência económica que teria "desenhado" toda a nossa economia de mercado?

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