<$BlogRSDUrl$>

Saturday, November 26, 2005

O que as palavras dizem

As línguas da humanidade são estruturas culturais milenares. As palavras vão surgindo e ganhando significados, alterando-se ao longo do tempo, expressando o que as pessoas necessitam de dizer umas às outras. Através da linguagem descreve-se também a realidade, ou pelo menos aquilo que se sente dela. Essa realidade é simultaneamente objecto de estudo da ciência em geral.
A ciência é outro fenómeno humano importante e nos últimos tempos tem evoluído mais depressa, adquirindo exponencialmente maior volume de conhecimentos. Vamos sabendo gradualmente cada vez mais sobre essa realidade que a linguagem já há tanto tempo codifica. Ao mesmo tempo, a ciência serve-se da linguagem para ser entendida.
O universo onde os humanos se movem está já todo muito bem cartografado pela sua linguagem, cheio de significados entranhados na bagagem cultural da nossa espécie, criados por um empirismo que vem das origens e que depois se reflecte naquilo que as palavras que usamos fazem entender. Assim, há uma certa incompatibilidade entre os significados das palavras nas nossas línguas tradicionais e aquilo que através da ciência descobrimos. Achamos que o conhecimento científico deve estar de acordo. Isto é uma barreira. Por exemplo, quando desejamos estudar fenómenos mentais complexos como a consciência, a vontade, a inteligência, etc, acabamos por nos confundir. Não conseguimos facilmente definir o objecto de estudo e os resultados vão desiludindo porque nunca coincidem com as expectativas criadas pela enorme teia de significações que damos a esses conceitos.

|

Tuesday, November 22, 2005

Oitavas

O som é composto por ondas. Essas ondas têm uma determinada frequência. Cada frequência tem o seu som, que podemos ouvir ou não. Quando de uma frequência passamos para o seu dobro produzimos uma oitava e ouvimos a mesma nota, apenas num registo mais grave ou agudo. E isto acontece sempre que se dobra a frequência. dó ré mi fá sol lá si e outra vez dó. Setes notas mais uma que é a oitava.
A luz é composta por ondas com uma determinada frequência. Também em relação à luz existem "oitavas". Só que nós seres humanos apenas somos sensíveis a frequências dentro de uma única oitava (grosseiramente, só vemos entre os 400 e 800 nanómetros, falando em comprimento de onda), não havendo, por isso, repetição de cores. Mas se virem um espectro de luz visível vão reparar que os extremos se aproximam. Se víssemos uma banda maior, as cores iriam repetir-se, produzindo "oitavas". Curiosamente, tal como com as notas, é frequente distinguir no arco-íris sete cores.

|

Tuesday, November 15, 2005

Como gerar gente brilhante?


Claro que não me atrevo a responder a esta pergunta. Tenho só andado a pensar num pormenor:
Quando leio episódios biográficos de gente muito boa (brilhante) que tenha vivido há já mais de um século, constato que sofreram um processo de aprendizagem diferente do que acontece hoje, sendo interessante a comparação. Geralmente, tudo acontecia mais cedo e é comum essa gente brilhante ter tido tutores particulares desde muito nova. Aos 16 anos era normal um rapaz (sim, porque as coisas para as raparigas eram bem mais complicadas e ainda hoje são) já estar a estudar medicina, por exemplo, com um grande médico da zona. E antes disso, muito pequenos, aprendiam latim e eram iniciados nas grandes obras. O acesso de poucos à educação fazia com que (e digo isto com poucos fundamentos; é só o que me parece) todo o ensino fosse um pouco mais personalizado, mais virado para um indivíduo inteligente capaz de interagir com o seu tutor mais livremente, capaz de aprender ao seu ritmo, evoluir, desde cedo, segundo a sua verdadeira vocação.
Hoje em dia somos logo metidos na 'carneirada' para só muitos anos depois nos livrarmos disso. Passamos os 16, 17, 18, 19, 20... sempre num grupo de várias dezenas ou centenas, todos estudando inflexivelmente o mesmo que fora planeado por umas cabecinhas há anos atrás.
Mas, vendo melhor, esta componente de educação em massa, que é de facto uma realidade, apenas faz com que o processo se atrase. Não existe gente de 16 anos a estudar com as maiores cabeças; mas existe gente de 25 ou 26 a fazer doutoramentos em centros de investigação com experts da área. A esse nível as coisas acabam por ser parecidas com antigamente.
Importa é verificar até que ponto essa relação com um tutor muito próximo é frutífera; até que ponto se aprende ou se finge que aprende; até que ponto se ultrapassam barreiras convencionadas e se dá expressão à criatividade.
Mas quando lá chegar falarei melhor sobre isso. Para já resta-me pensar que com a minha idade havia gente com um conhecimento já bem especializado a inventar e descobrir coisas importantes. Mas prefiro (que fique claro!) estar aqui e agora... esses tipos não sabiam o que é um computador!

|

Tuesday, November 08, 2005

Como chegar lá através da ciência?


|

Friday, November 04, 2005

Como poderia ter sido?

Precisamente por tudo isto ser como é por acaso - porque tudo se constrói por adições aleatórias sucessivas - certamente existiriam outras maneiras de as coisas terem acontecido. Provavelmente existirá uma infinidade de maneiras em que é possível exprimir a inteligência; todo o nosso pensamento poderia funcionar de um modo bem diferente, ou até toda a organização biológica da vida neste planeta poderia ser outra e dar origem a uma espécie pensante na mesma.
Há portanto dois níveis essenciais onde poderiam existir diferenças: o nível biológico e o cultural.
Quão diferentes poderiam ser os sistemas matemáticos? Quantas serão as possibilidades e até onde poderão ir as estruturas básicas de conhecimento e sua representação?
É bastante difícil colocar a imaginação fora de si própria, isto é fora do seu contexto, daquilo que no fundo a cria, e imaginar como tudo poderia ter sido (ou ainda poderá vir a ser).

|

This page is powered by Blogger. Isn't yours?

Weblog Commenting and Trackback by HaloScan.com
hits.