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Thursday, April 28, 2005

Atenção e consciência

Existem quase tantas abordagens do problema da consciência como o número de pessoas que a estudam.
Contudo, a ligação entre a atenção e a consciência parece relativamente consensual. De facto, parece que só temos consciência daquilo a que prestamos atenção. No entanto, as opiniões variam acerca da natureza dessa relação.
"What is at the focus of our attention enters our consciousness. What is outside the focus of attention remains preconscious or unconscious". Visto de outra maneira, pode-se dizer que "a atenção é a sentinela no portão da consciência", não sendo os dois conceitos, porém, a mesma coisa.
Outros autores ponderam uma outra ligação atenção-consciência para além da feita acima (tudo a que se presta atenção é percebido conscientemente): não será que a consciência direcciona a atenção (o que até encaixa muito bem no senso comum)? Esta é uma pergunta fundamental neste tema. Será que somos nós a prestar atenção deliberadamente às coisas ou são elas que nos chamam a atenção?
Por exemplo, estamos numa sala e alguém abre a porta, para a qual estamos de costas. Nesse momento, voltamo-nos para ver quem é. A sequência parece ser: audição consciente do som; movimento do corpo direccionando o olhar para a porta. Então, foi a percepção consciente que nos fez rodar o pescoço. Mas não será isto uma ilusão? Algumas experiências parecem indicar que não é conscientemente que nos voltamos para olhar, apenas sentimos que assim é. E tal tem apenas a ver com diferenças de velocidade de processamento (relativamente pequenas, mas importantes). Porque a consciência demora um bom bocado a ser construida.

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Monday, April 25, 2005

O que é a consciência?

Não sei, ninguém sabe muito bem. O mais próximo que podemos chegar dessa definição é, provavelmente, fazendo a pergunta: "Como é ser...?"
Por exemplo, pergunto "Como é ser uma pedra?". Eu, que pelo senso comum acho que uma pedra não é consciente, respondo: "Ser uma pedra é ser nada". Mas, por exemplo, se perguntar: "como é ser aquele senhor que passou agora na rua?". Aí eu já tenho uma ideia: começo a esboçar uma mundivisão, uma imagem daquilo em que aquele senhor pensa, daquilo que está a ver e a prestar atenção; porque ele é, muito provavelmente, consciente como eu.

"When we say that another organism is conscious we mean that there is something it is like to be that organism."

Contudo, existem provavelmente muitos graus de consciência.

"Now imagine being a bat. A bat's experience must be very different from that of a human. For a start, the bat's sensory systems are quite different. Most use either sound or ultrasound for echolocation. What would this be like? According to Richard Dawkins, it might be like seeing is for us. We humans do not know, or care, that colour is related to wavelength.
But can we ever know what it would really be like for the bat?"

Vou tentar fazer uma série de posts à volta do tema da consciência (estamos no sítio certo para isso, ou não?)

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Tuesday, April 19, 2005

Comunicação musical

Pretendo contribuir com a minha experiência de músico.
Acho que quando algumas pessoas se juntam para tocar, cria-se entre elas uma intimidade enorme. Se não conhercemos bem essas pessoas pode-se ter uma experiência desconfortável.
Para quem nunca tocou algum instrumento numa banda, ou para os mais insensíveis: a comunicação musical é extremamente profunda. Apesar de não se estar a proferir qualquer frase que respeite a síntaxe ou semântica de qualquer língua falada, está-se a comunicar emoções, coisas inconscientes, o inefável.
Existem vários graus de profundidade dessa comunicação. Quando estamos a fazer algo muito formal, sem improviso, lendo directamente de uma pauta, em conjunto com outros, o nível de comunicação emocional é baixo e podemos não sentir qualquer tipo de ligação a quem connosco toca. No extremo oposto, em plena improvisação, algo totalmente free, sem qualquer estrutura base, sentimos coisas muito estranhas; parece que penetramos totalmente na intimidade da outra pessoa. É de tal modo que, pelo menos acontece comigo, estando a tocar com homens, me sinto desconfortável. Nunca improvisei musicalmente com uma mulher, por isso não sei se me sentiria melhor, mas acredito que pelo menos não teria medo de aprofundar a intimidade.
Imagem o desconforto que se sente ao improvisar-se com alguém que conhecemos muito mal. A consequência é fecharmo-nos, não ouvirmos o que o outro tem a dizer, sendo o resultado global artístico mau.
Acho que conseguia escrever um livro de várias páginas só a aprofundar o que se sente ao improvisar...


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Saturday, April 16, 2005

Quimeras

"Agora, os cientistas têm por objectivo quebrar o último tabu: cruzar homens e animais para criar seres híbridos, meio humanos meio animais, de todos os tipos."
Acho estúpido da minha parte, mas quando imagino uma sociedade do futuro, dominada pela biotecnologia (e outras coisas espantosas), tenho arrepios de prazer. Comparo o meu sentimento ao dos futuristas do início do século passado. O desejo de ser possuído por máquinas equipara-se ao meu sentimento ao imaginar bebés a serem desenvolvidos em condições completamente artificiais e não no útero de suas mães; ao imaginar seres biónicos, metade naturais metade artificiais; estranhas construções genéticas: homens com asas, insectos gigantes com inteligência humana...; Toda a moral levada ao seu limite até explodir.
É um prazer meramente estético, acho. Quando eu chegar a essa época (hei-de ser imortal, tenho esperança) já não vou gostar tanto como isso.

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Wednesday, April 13, 2005



"two evolved organisms" de Joelle Dietrick

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"Das Cidades

Por debaixo esgotos sobre o solo
Nada e por cima o fumo
Ali vivemos nós sem gozo nem consolo.
Depressa passámos nelas. E, devagar, também elas seguem o nosso rumo."

B. Brecht

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Friday, April 08, 2005

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"nature indoors" de Joelle Dietrick

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Thursday, April 07, 2005

Web art

"Perhaps because the internet has now become a established and normal part of society, the genre of "web arts" will eventually be extinguished; after all "television arts" is something of a dinosaur. However, since web arts are created on machines, the hardware and software of which can always be improved by individuals, we sould not lose hope."

- Explicação do júri de um concurso de arte para a não atribuição do prémio da categoria "web works".

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Sunday, April 03, 2005

Que falta de carinho!

Este blog fez um ano e eu nem sequer reparei!
É sempre um sinal de paciência por parte de quem escreve. Bem, acima de tudo é a minha maneira de dizer umas coisas e ver como os outros reagem (o que nem sempre acontece), analisando até que ponto estou a dizer coisas mais ou menos certas e engraçadas. Por outro lado, menos egoisticamente, há coisas que gosto de partilhar e mostro-as aqui; coisas que quero que os outros também vejam e pensem, extraindo eu daí um prazer enorme. Sentir tudo sozinho não tem grande piada!
Às vezes, confesso, tenho medo de escrever.

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À espera

«Lemos as histórias destes matemáticos muito jovens [Galois, Abel, ...], li-as quando era criança e dizia a mim próprio, como piada, "se não tiveres uma grande ideia até aos 18 anos, esquece, é óbvio que não nasceste para a matemática!"» in Conversas com um matemático, G.J. Chaitin

Espero bem que isto se aplique mesmo só à matemática. Eu ainda estou à espera... e já sinto a pressão!

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Saturday, April 02, 2005

O papa nunca mais acaba de morrer

Somos informados, órgão a órgão, da agonia do papa. Não bastava dizer que estava mal e, passado um tempo, dizer que tinha morrido? Depois aparecem coisas estranhas como (eu ouvi bem!!) "o papa está a agonizar bem", etc... Até parecia que cada vez estava mais consciente e cada vez mais morto, simultaneamente... enfim.
Estamos a experimentar pela primeira vez a morte de um papa com esta quantidade record de mass media. É um novo desfio para a maior parte deles. E o papa é das pessoas mais importantes do mundo.

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Friday, April 01, 2005

Facilidades

O texto dos últimos posts não foi criado por mim. São referências a coisas que acho interessantes e descubro por aí. É muito cómodo a um blogger fazer este tipo de blogging. Há blogs que consistem essencialmente nisso. Uns com mais valor que outros.
Comecei por achar mal fazer tantos posts em forma de link. Tinha a preocupação em manter sempre uma percentagem elevada de textos elaborados por mim. Mas agora deixei essa preocupação. É normal que aumentem por aqui esse género de posts.
Qual é o mal em nos tornarmos o leito do rio que é a rede ao invés da água em si? Faço apenas uma espécie de selecção; junto aqui o que acho bom, excluo o que acho mau.
E tudo isto é muito pós-moderno.

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Tirado "daqui"

"True greatness is measured by how much freedom you give to others, not by how much you can coerce others to do what you want. I remember praying a prayer when I was very young, not much more than a baby myself. ``God is great. God is good. Let us thank him for our food. Amen.'' Well, I'm here to say amen to that. God's greatness and goodness are measured by the fact that he gives us choices. He doesn't require us to thank him for our food. (In case you hadn't noticed.) God is not a Modernist. He doesn't view us as nails. God expects us to behave like carpenters. Indeed, he gave us a carpenter as an example.

So I think God is postmodern. "

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