Tuesday, April 19, 2005
Comunicação musical
Pretendo contribuir com a minha experiência de músico.
Acho que quando algumas pessoas se juntam para tocar, cria-se entre elas uma intimidade enorme. Se não conhercemos bem essas pessoas pode-se ter uma experiência desconfortável.
Para quem nunca tocou algum instrumento numa banda, ou para os mais insensíveis: a comunicação musical é extremamente profunda. Apesar de não se estar a proferir qualquer frase que respeite a síntaxe ou semântica de qualquer língua falada, está-se a comunicar emoções, coisas inconscientes, o inefável.
Existem vários graus de profundidade dessa comunicação. Quando estamos a fazer algo muito formal, sem improviso, lendo directamente de uma pauta, em conjunto com outros, o nível de comunicação emocional é baixo e podemos não sentir qualquer tipo de ligação a quem connosco toca. No extremo oposto, em plena improvisação, algo totalmente free, sem qualquer estrutura base, sentimos coisas muito estranhas; parece que penetramos totalmente na intimidade da outra pessoa. É de tal modo que, pelo menos acontece comigo, estando a tocar com homens, me sinto desconfortável. Nunca improvisei musicalmente com uma mulher, por isso não sei se me sentiria melhor, mas acredito que pelo menos não teria medo de aprofundar a intimidade.
Imagem o desconforto que se sente ao improvisar-se com alguém que conhecemos muito mal. A consequência é fecharmo-nos, não ouvirmos o que o outro tem a dizer, sendo o resultado global artístico mau.
Acho que conseguia escrever um livro de várias páginas só a aprofundar o que se sente ao improvisar...
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Pretendo contribuir com a minha experiência de músico.
Acho que quando algumas pessoas se juntam para tocar, cria-se entre elas uma intimidade enorme. Se não conhercemos bem essas pessoas pode-se ter uma experiência desconfortável.
Para quem nunca tocou algum instrumento numa banda, ou para os mais insensíveis: a comunicação musical é extremamente profunda. Apesar de não se estar a proferir qualquer frase que respeite a síntaxe ou semântica de qualquer língua falada, está-se a comunicar emoções, coisas inconscientes, o inefável.
Existem vários graus de profundidade dessa comunicação. Quando estamos a fazer algo muito formal, sem improviso, lendo directamente de uma pauta, em conjunto com outros, o nível de comunicação emocional é baixo e podemos não sentir qualquer tipo de ligação a quem connosco toca. No extremo oposto, em plena improvisação, algo totalmente free, sem qualquer estrutura base, sentimos coisas muito estranhas; parece que penetramos totalmente na intimidade da outra pessoa. É de tal modo que, pelo menos acontece comigo, estando a tocar com homens, me sinto desconfortável. Nunca improvisei musicalmente com uma mulher, por isso não sei se me sentiria melhor, mas acredito que pelo menos não teria medo de aprofundar a intimidade.
Imagem o desconforto que se sente ao improvisar-se com alguém que conhecemos muito mal. A consequência é fecharmo-nos, não ouvirmos o que o outro tem a dizer, sendo o resultado global artístico mau.
Acho que conseguia escrever um livro de várias páginas só a aprofundar o que se sente ao improvisar...
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