Sunday, October 29, 2006
A hora
Hoje é o meu dia preferido do ano. Porque tem mais uma hora.
Nada melhor há no mundo para oferecer que uma hora. Especialmente quando a prenda é inesperada.
Andamos alheados, a fazer as nossas coisas e de repente dizem-nos: "toma, tens mais uma hora". Uma hora que saiu do vazio, pronta a ser consumida pelas nossas vidas, que bebem tempo.
O tempo, aquela coisa absoluta, dá-nos uma hipótese neste dia. É o dia em que ele se revela humano, é capaz de mostrar uma acção. É como se no mar aparecesse uma montanha de água.
O dia tranforma-se num sonho. Há uma aproximação única entre entidades opostas.
Hoje é o meu dia preferido porque posso brincar aos deuses.
|
Nada melhor há no mundo para oferecer que uma hora. Especialmente quando a prenda é inesperada.
Andamos alheados, a fazer as nossas coisas e de repente dizem-nos: "toma, tens mais uma hora". Uma hora que saiu do vazio, pronta a ser consumida pelas nossas vidas, que bebem tempo.
O tempo, aquela coisa absoluta, dá-nos uma hipótese neste dia. É o dia em que ele se revela humano, é capaz de mostrar uma acção. É como se no mar aparecesse uma montanha de água.
O dia tranforma-se num sonho. Há uma aproximação única entre entidades opostas.
Hoje é o meu dia preferido porque posso brincar aos deuses.
Sunday, October 22, 2006
muitos livros
Às vezes compramos livros que já tínhamos, por engano. Ficamos chateados, mas muitas vezes nem nos lembramos mais de os ir trocar.
Porém, há muitos livros que não importa termos em quantidades maiores que a unidade. São livros que valem como argamassa, tijolos, qualquer objecto útil como objecto em si. Podemos tê-los em dezenas ou centenas para depois os espalharmos pela cidade, os enviarmos pelo correio a gente desconhecida, forrarmos as paredes de casa e depois as da rua com páginas suas. Esquecermo-nos deles em cafés, museus, no metro, ...; rasgar as suas folhas e mandá-las numa garrafa pelo mar.
Há livros assim, criam uma atracção especial. Quase perfeitos na arte de ludibriar o espírito humano e capazes de se camuflarem como bocados de pessoa. Não nos conseguimos livrar deles e queremos muitos, queremos através deles escapar do nosso pequeno corpo, espalharmo-nos pelo mundo e pelas outras pessoas.
|
Porém, há muitos livros que não importa termos em quantidades maiores que a unidade. São livros que valem como argamassa, tijolos, qualquer objecto útil como objecto em si. Podemos tê-los em dezenas ou centenas para depois os espalharmos pela cidade, os enviarmos pelo correio a gente desconhecida, forrarmos as paredes de casa e depois as da rua com páginas suas. Esquecermo-nos deles em cafés, museus, no metro, ...; rasgar as suas folhas e mandá-las numa garrafa pelo mar.
Há livros assim, criam uma atracção especial. Quase perfeitos na arte de ludibriar o espírito humano e capazes de se camuflarem como bocados de pessoa. Não nos conseguimos livrar deles e queremos muitos, queremos através deles escapar do nosso pequeno corpo, espalharmo-nos pelo mundo e pelas outras pessoas.