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Saturday, June 25, 2005

Trust

Vem na revista Nature, numa edição deste mês de Junho.
Descobriu-se que uma molécula, já bem conhecida, tem uma função completamente até agora desconhecida e importante. A oxitocina, relacionada com a gravidez, estimulando a libertação de leite e contracções uterinas, pode actuar como neurotransmissor. Desse modo, ela vai ter uma função importante desenvolvendo a confiança do sujeito; confiança nos outros, demonstrada em relações interpessoais. A experiência foi feita com alunos que participavam num jogo de negócios. Tinham de realizar investimentos fornecendo dinheiro a um agente que o investia. As probabilidades tanto eram de sucesso como de insucesso, mas o grupo que tinha inalado a oxitocina investia bem mais que o outro, mostrando maior confiança no internmediário. Já quando se fazia o mesmo jogo, mas em vez de um agente humano se usava uma máquina, a oxitocina não tinha qualquer efeito.
A partir daqui podemos imaginar coisas e não estamos a ser demasiado criativos: políticos que espalham oxitocina pelo ar nos seus comícios? oxitocina usada em campanhas de marketing comercial?

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Monday, June 13, 2005

Sabem,...

...às vezes impressiona-me o modo leviano como se abordam as matérias escolares. Talvez uma das causas seja o peso excessivo dos programas, que tentam responder ao crescimento exponencial do conhecimento humano.
Mas, vendo melhor, o que eu quero dizer não me parece totalmente impossibilitado pelo tamanho dos programas. É antes o valor que se dá àquilo que se aprende e não propriamente se se o dá de forma rápida e superficial. No fundo, usando a terminologia de José Gil, é a "inscrição" do aprendido. Nas ciências, ao depararmo-nos com, por exemplo, uma equação de Newton não devíamos ter uns momentos de reflexão e meditação, só pensando e observando aquela obra de arte? Quando nos põem um quadro de elevada qualidade à frente nós disfrutamos dele, não é? Ou será que apenas nos preocupamos com os pormenores técnicos, estilo, corrente artística...? Há também um valor estético importantíssimo em toda a criação científica, fundamental quando se pretende cultivar o gosto dos alunos pelos assuntos tratados. Na escola, somos colocados diante de obras-primas do génio humano, diariamente, e a única coisa que nos preocupa é "como será que aquilo pode sair numa ficha de avaliação?". E são sempre coisas novas, "quadros" novos, riquíssimos. Porém, não é somente o valor estético que importa; é um valor histórico e cultural; a consciência da capacidade de desvendamento do ser humano face aos mistérios da Natureza; a constatação da grandiosidade de toda a história humana, milenar e valiosíssima, da qual se é herdeiro.
Tal consciência pode, e creio mesmo que deve, levar à comoção.
Achava importantíssimo que todo o conhecimento transmitido fosse capaz de arrepiar os alunos, fazê-los chorar, levá-los a píncaros de emoção, para que aquilo tudo possa ter algum significado e lhes possa mudar as vidas, alterar a sua mundividência.
O conhecimento deve-se inscrever, deve ser vivido. Esse é um dever dos professores, com o seu exemplo. Mas estes pouco podem fazer se não houver um trabalho de casa e de toda a sociedade, um exemplo de todos.

PS: e com isto vou para exames nacionais, pelo que talvez não escreva com muita frequência aqui nos próximos tempos.

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Wednesday, June 08, 2005

Duas notícias interessantes na nature

"It might sound unlikely, but men looking at explicit pictures of two naked men with a naked woman have been shown to produce higher-quality sperm than those watching pornographic images featuring women only."

Apesar de estranho, faz sentido. Quando o macho se sabe em competição com outros pela fêmea produz mais esperma, aumentando as probabilidades de fecundar o ovócito dela.

Bem, a outra só dá para ver com assinatura (:-/). Mas o título elucida: "One in three scientists confesses to having sinned: Misconduct ranges from faking results outright to dropping suspect data points."
Já tinha postado sobre isto há uns tempos; sei que até o Newton falsificou provas.

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Monday, June 06, 2005

Simpatia mecânica

Máquinas de pagamento dos parques de estacionamento, por exemplo. Já repararam na maneira rude e bruta como sugam as notas? Não deviam ao menos ter gravado a voz de alguém a dizer "Com licença!"; ou então tornavam o mecanismo de "sugamento" mais doce e aveludado. Com dinheiro a má-educação é mais grave. Mas isso acontece ao inserir CDs em drives, ao meter tickets aqui e acolá. Sempre aquela brutidão.
É que, sendo tão mal educadas, as máquinas dão mesmo a sensação de que nos estão a roubar.
Acho que quem desenvolve as tecnologias devia ter cuidado com isto.

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