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Friday, July 09, 2004

Os estados mentais afectam a saúde

Esta é uma ideia relativamente nova em ciência, pelo que existem ainda vários estudos por fazer. Irei referir alguns dados já obtidos.
Em teste com pessoas com doença de coração potencialmente grave, para além de um exame ao grau de obstrucção das artérias, questionaram-se as pessoas sobre o seu estado mental(uma das perguntas era com que frequência gritavam com os filhos). As pessoas com maior grau de ira tinham a maior obstrucção e as menos zangadas tinham menor obstrucção (o que, contudo não prova uma relação directa entre ira e obstrucção...).
Examinou-se o nível de hostilidade em 2000 operários americanos. 25 anos depois, dos que tinham apresentado baixo nível de ira, cerca de 20% tinha morrido; dos mais zangados cerca de 30% tinha morrido (doenças de coração, cancro, ou causas não relacionadas com a saúde). Isto parece mostrar que pessoas cronicamente zangadas têm uma probabilidade 1,5 vezes superior de morrer num espaço de 25 anos do que as outras, mais pacíficas.
Investigadores da Harvard Medical School descobriram que a emoção mais comum antes de um ataque cardíaco é a ira.
A depressão também tem efeitos negativos na saúde: as doentes com cancro da mama mais deprimidas recuperavam mais lentamente ou viam o tumor espalhar-se mais rapidamente pelo corpo. Numa escola médica em Nova Iorque verificou-se ainda que pessoas idosas com fractura da bacia, não deprimidas, tinham uma probabilidade três vezes maior de voltar a andar que as deprimidas.
O stress ou ansiedade e a repressão ou negação são estados mentais maus também para saúde. Exemplo de negação é por exemplo o caso de pessoas que negavam estar a sentir-se agitadas, embora os dados médicos medidos fossem de elevada tensão arterial e tensão muscular. Essas pessoas, ditas "repressoras" podem ser susceptíveis a contrair doenças como a asma, tensão alta e gripes.
Por outro lado, emoções boas como o optimismo, confiança e alegria parecem aumentar o números de glóbulos brancos no sangue.
Estes factos podem ser entendidos se se perceber que há vínculos físicos entre os sistemas nervoso e imunológico. O sistema nervoso autónomo expande-se directamente para dentro da medula óssea e é capaz de regular o tipo e número de glóbulos brancos aí produzidos. A enervação da medula óssea produz mudanças na configuração do sistema imunológico, que, por sua vez, gera a produção de transmissores que efectuam modificações no cérebro.

Dados retirados do livro "Emoções que curam, conversas com o Dalai Lama".

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