Thursday, June 24, 2004
Iniciação nos mistérios de Eros
"Quem deseje atingir esta meta pelos caminhos verdadeiros, deve começar na juventude a procurar os corpos belos. Antes de mais, não deve amar mais que um corpo, inspirado pelo qual deve conceber belas palavras; depois, deve observar que a beleza de um corpo, qualquer que ele seja, é irmã da beleza de um outro. Efectivamente, se está decidido a procurar a beleza na forma, só por má orientação não veria que a beleza de todos os corpos é una e idêntica. Uma vez atingida esta verdade, tornar-se-à amante de todos os corpos belos e desprezará o amor exclusivista de um só corpo, como coisa de somenos valor, que não merece senão indiferença. Em seguida torna-se necesário considerar a beleza das almas como algo de mais precioso que a beleza dos corpos, de maneira que, uma alma bela num corpo mediocramente atraente lhe baste para lhe consagrar o amor. (...) Assim, será conduzido a contemplar a beleza das acções e leis, a verificar que esta é igual a ela própria em todos os casos e, consequentemente, a conceder pouca importância à beleza do corpo. Das acções dos homens passará às ciências e reconhecerá também a sua beleza; uma vez chegado a uma visão lata da beleza, não se prenderá mais à beleza de um só objecto. (...) Desde agora voltado para o oceano da beleza, contemplando os seus múltiplos aspectos, criará, sem cansaço, belos e magníficos discursos, os pensamentos nascerão abundantemente do seu amor e da sua filosofia, até que o seu espírito, fortificado e engrandecido, se apercebe de uma sabedoria única, a da beleza.
Quem tiver chegado até este ponto no caminho de Eros, depois de ter contemplado as coisas belas numa gradação regular; quando atingir a meta suprema contemplará a beleza de uma maravilhosa natureza, a própria beleza (...) beleza eterna que não conhece nem o nascimento nem a morte."
Platão in O Banquete
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"Quem deseje atingir esta meta pelos caminhos verdadeiros, deve começar na juventude a procurar os corpos belos. Antes de mais, não deve amar mais que um corpo, inspirado pelo qual deve conceber belas palavras; depois, deve observar que a beleza de um corpo, qualquer que ele seja, é irmã da beleza de um outro. Efectivamente, se está decidido a procurar a beleza na forma, só por má orientação não veria que a beleza de todos os corpos é una e idêntica. Uma vez atingida esta verdade, tornar-se-à amante de todos os corpos belos e desprezará o amor exclusivista de um só corpo, como coisa de somenos valor, que não merece senão indiferença. Em seguida torna-se necesário considerar a beleza das almas como algo de mais precioso que a beleza dos corpos, de maneira que, uma alma bela num corpo mediocramente atraente lhe baste para lhe consagrar o amor. (...) Assim, será conduzido a contemplar a beleza das acções e leis, a verificar que esta é igual a ela própria em todos os casos e, consequentemente, a conceder pouca importância à beleza do corpo. Das acções dos homens passará às ciências e reconhecerá também a sua beleza; uma vez chegado a uma visão lata da beleza, não se prenderá mais à beleza de um só objecto. (...) Desde agora voltado para o oceano da beleza, contemplando os seus múltiplos aspectos, criará, sem cansaço, belos e magníficos discursos, os pensamentos nascerão abundantemente do seu amor e da sua filosofia, até que o seu espírito, fortificado e engrandecido, se apercebe de uma sabedoria única, a da beleza.
Quem tiver chegado até este ponto no caminho de Eros, depois de ter contemplado as coisas belas numa gradação regular; quando atingir a meta suprema contemplará a beleza de uma maravilhosa natureza, a própria beleza (...) beleza eterna que não conhece nem o nascimento nem a morte."
Platão in O Banquete
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