Friday, March 26, 2004
Fraude!!
Até que ponto é a ciência rigorosa?? Uma pessoa como eu, que começa a entrar no mundo do "fazer ciência", dá logo conta da falsidade que rodeia muitas vezes os resultados científicos. Quantas vezes já tive eu de querer ver alguma coisa numa experiência? Quando queremos que os resultados satisfaçam as nossas expectativas, eles de facto fazem-no.
As pessoas têm normalmente a ideia de que o conhecimento científico é a certeza e rigor completos. Esse é de facto o ideal da ciência e é muito nobre, mas anda longe da realidade. Rupert Sheldrake, biólogo inglês tem um livro onde aborda esta questão, entre outras coisas. Diz ele, e deve ser do conhecimento geral, que os cientistas "formulam conjecturas ou hipóteses de como as coisas são e depois e só depois as testam pela experimentação". Ainda por cima, deve-se ter em conta que uma boa parte destas teorias aparecem por interesses pessoais, rivalidades para com outros membros da comunidade científica. É claro que, deste modo, é muito provável decobrir-se o que se procura. Mesmo inconscientemente os nossos sentidos estão mais atentos para detectar o que tencionamos.
Como exemplos temos os cientistas que no século XIX afirmavam peremptoriamente que o tamanho do cérebro influenciava o QI, tendo os homens eminentes um crânio maior que os medíocres. O próprio Newton, conhecido pela sua exactidão de resultados, capazes de esmagar qualquer crítica, manipulou-os. Tendo sido investigados documentos seus, descobriu-se que os cálculos relativos à velocidade do som e precessão de equinócios tinham sido modificados, bem como a correlação de uma variável da sua teoria da gravidade, o que simulou uma exactidão superior a 1/1000! Isto para não falar da publicação selectiva de dados feita por tantos cientistas. Por estas e por outras torna-se muito difícil conseguir ter acesso a dados brutos de investigadores, quando são requisitados aos próprios.
Também dentro desta temática há outra coisa que me irrita e que Sheldrake refere igualmente nesse seu livro. É a elaboração de relatórios científicos.
São um belo exemplo de falsa objectividade.
Todo o estilo do artigo dá ideia de que este veio dum "mundo ideal em que a ciência é um exercício completamente lógico, livre de toda e qualquer paixão humana". Fingir é a regra, de facto. No capítulo dedicado aos "Resultados" apenas se menciona o que se observou, sem nenhuma conclusão ainda; mas o facto é que tudo o que se observa tem de estar de acordo com o que se quer concluir, depois. O autor acaba por ter de "fingir que a sua cabeça é um recipiente virgem, um vaso vazio, à espera da informação que para ela flui vinda do mundo exterior, por razões que o autor não revela", claro! O ridículo é que nestes relatórios dá-se a ilusão de que as hipóteses vêm deopis de se observarem os resultados, mas isso nunca é assim!!! Também há o caso em que, no relatório, se refere um determinado procedimento ideal, mas que na realidade não é executado, por conveniência. No outro dia entreguei um relatório onde fazia notar um desvio ao protocolo, para que a experiência fosse mais rápida. Claro que a profª me veio chatear com "Estas coisas não se dizem!" é que o facto de eu ter juntado acetona lá ao frasquito ia contaminá-lo! Acontece é que mencionando ou não, os resultados que apresentaria de qualquer maneira estavam influenciados por essa imprecisão e, sendo assim, mais vale a pena referir a tal alteração protocolar!. Outro caso foi ainda o do meu colega que pôs "papel higiénico, em vez de "papel absorvente" (ui!, que termo tão técnico e científico!). A prof passou-se quando viu aquilo; mas o que é que ela quer!? aquilo era mesmo papel higiénico!!
Também ao microscópio desenha-se o que já sabemos na teoria e não o que observamos na prática. Ainda esta semana, ao realizar um teste prático, apanhei um micróbio que parecia ter duas "caudas". O problema é que eu tinha de identificá-lo e, se ele tivesse de facto essas duas "caudas", era desconhecido para mim. Então trata de não ver a segunda cauda!! Desenhei-o só com uma e pronto! A professora pareceu entrar comigo naquele acordo tácito, também... (aliás, é a professora que nos acaba por "incentivar" a este tipo de práticas; o seu olho experiente consegue de facto ver coisas que passam ao lado de qualquer miúdo).
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Até que ponto é a ciência rigorosa?? Uma pessoa como eu, que começa a entrar no mundo do "fazer ciência", dá logo conta da falsidade que rodeia muitas vezes os resultados científicos. Quantas vezes já tive eu de querer ver alguma coisa numa experiência? Quando queremos que os resultados satisfaçam as nossas expectativas, eles de facto fazem-no.
As pessoas têm normalmente a ideia de que o conhecimento científico é a certeza e rigor completos. Esse é de facto o ideal da ciência e é muito nobre, mas anda longe da realidade. Rupert Sheldrake, biólogo inglês tem um livro onde aborda esta questão, entre outras coisas. Diz ele, e deve ser do conhecimento geral, que os cientistas "formulam conjecturas ou hipóteses de como as coisas são e depois e só depois as testam pela experimentação". Ainda por cima, deve-se ter em conta que uma boa parte destas teorias aparecem por interesses pessoais, rivalidades para com outros membros da comunidade científica. É claro que, deste modo, é muito provável decobrir-se o que se procura. Mesmo inconscientemente os nossos sentidos estão mais atentos para detectar o que tencionamos.
Como exemplos temos os cientistas que no século XIX afirmavam peremptoriamente que o tamanho do cérebro influenciava o QI, tendo os homens eminentes um crânio maior que os medíocres. O próprio Newton, conhecido pela sua exactidão de resultados, capazes de esmagar qualquer crítica, manipulou-os. Tendo sido investigados documentos seus, descobriu-se que os cálculos relativos à velocidade do som e precessão de equinócios tinham sido modificados, bem como a correlação de uma variável da sua teoria da gravidade, o que simulou uma exactidão superior a 1/1000! Isto para não falar da publicação selectiva de dados feita por tantos cientistas. Por estas e por outras torna-se muito difícil conseguir ter acesso a dados brutos de investigadores, quando são requisitados aos próprios.
Também dentro desta temática há outra coisa que me irrita e que Sheldrake refere igualmente nesse seu livro. É a elaboração de relatórios científicos.
São um belo exemplo de falsa objectividade.
Todo o estilo do artigo dá ideia de que este veio dum "mundo ideal em que a ciência é um exercício completamente lógico, livre de toda e qualquer paixão humana". Fingir é a regra, de facto. No capítulo dedicado aos "Resultados" apenas se menciona o que se observou, sem nenhuma conclusão ainda; mas o facto é que tudo o que se observa tem de estar de acordo com o que se quer concluir, depois. O autor acaba por ter de "fingir que a sua cabeça é um recipiente virgem, um vaso vazio, à espera da informação que para ela flui vinda do mundo exterior, por razões que o autor não revela", claro! O ridículo é que nestes relatórios dá-se a ilusão de que as hipóteses vêm deopis de se observarem os resultados, mas isso nunca é assim!!! Também há o caso em que, no relatório, se refere um determinado procedimento ideal, mas que na realidade não é executado, por conveniência. No outro dia entreguei um relatório onde fazia notar um desvio ao protocolo, para que a experiência fosse mais rápida. Claro que a profª me veio chatear com "Estas coisas não se dizem!" é que o facto de eu ter juntado acetona lá ao frasquito ia contaminá-lo! Acontece é que mencionando ou não, os resultados que apresentaria de qualquer maneira estavam influenciados por essa imprecisão e, sendo assim, mais vale a pena referir a tal alteração protocolar!. Outro caso foi ainda o do meu colega que pôs "papel higiénico, em vez de "papel absorvente" (ui!, que termo tão técnico e científico!). A prof passou-se quando viu aquilo; mas o que é que ela quer!? aquilo era mesmo papel higiénico!!
Também ao microscópio desenha-se o que já sabemos na teoria e não o que observamos na prática. Ainda esta semana, ao realizar um teste prático, apanhei um micróbio que parecia ter duas "caudas". O problema é que eu tinha de identificá-lo e, se ele tivesse de facto essas duas "caudas", era desconhecido para mim. Então trata de não ver a segunda cauda!! Desenhei-o só com uma e pronto! A professora pareceu entrar comigo naquele acordo tácito, também... (aliás, é a professora que nos acaba por "incentivar" a este tipo de práticas; o seu olho experiente consegue de facto ver coisas que passam ao lado de qualquer miúdo).
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