Tuesday, August 29, 2006
a arte da ciência
A ciência abre mais mundo. A arte vai atrás e à frente e a todo o lado. Pode analisar o novo mundo descoberto (ou criado, como queiram) ou a própria máquina de fazer mundo, a ciência.
Artistas, cientistas, artistas-cientistas, artistas investigadores, o que importa é ruminar o universo tecnológico e científico e perceber nele, a toda a velocidade possível, um novo lugar para nós. O campo é fértil.
Por isso, deliciem-se por aí:
the bio-blurb show
Rhizome.org
Symbiotika
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Artistas, cientistas, artistas-cientistas, artistas investigadores, o que importa é ruminar o universo tecnológico e científico e perceber nele, a toda a velocidade possível, um novo lugar para nós. O campo é fértil.
Por isso, deliciem-se por aí:
the bio-blurb show
Rhizome.org
Symbiotika
Tuesday, August 22, 2006
O pescoço
"Um pescoço grande torna-se violento (...) poucas imagens perturbam mais que a do cisne com a cabeça separada do corpo, mas com as duas partes ainda lá, visíveis".
O pescoço é a união do sublime ao denso, do racional ao irracional, etc. O pescoço é o purgatório.
Esta seria uma imagem tradicional.
Mas nós temos a cabeça tão perto do corpo! Que nos dirá o tamanho dos nossos pescoços?
Para muita gente a cabeça está a anos luz do corpo.
Mas olhem para os vossos pescoços!
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"Um pescoço grande torna-se violento (...) poucas imagens perturbam mais que a do cisne com a cabeça separada do corpo, mas com as duas partes ainda lá, visíveis".
O pescoço é a união do sublime ao denso, do racional ao irracional, etc. O pescoço é o purgatório.
Esta seria uma imagem tradicional.
Mas nós temos a cabeça tão perto do corpo! Que nos dirá o tamanho dos nossos pescoços?
Para muita gente a cabeça está a anos luz do corpo.
Mas olhem para os vossos pescoços!
Sunday, August 13, 2006
as histórias
A vida, o mundo - como chamar a isto em que estamos imersos, em que essencialmente somos espectadores, mas onde, na realidade, temos uma ínfima percentagem de protagonismo? É essa percentagem que nos impede de dizermos que estamos a assistir a um filme quando vemos as notícias. Ao mesmo tempo, aliás, muita coisa separa este mundo de uma história. Porque existe uma intenção, uma direcção, coerência nas histórias que conhecemos. E isso não é visível na "história" que vivemos.
Às vezes sinto um absurdo em não estar também numa história. Porque em todo o lado são histórias. Estamos constantemente a absorver e a criar histórias. É uma característica do ser humano, fruto, provavelmente, da sua necessidade de escapar ao acaso. Adoramos histórias, ficamos felizes ao entrarmos nelas. Assim, devia também, ao longo dos anos, haver uma história mais evidente no mundo. É claro que podemos chegar ao fim da vida e fazer a nossa história. Contudo, isso só pode acontecer em retrospectiva. E, de qualquer maneira, não é a essa história tão pessoal que me refiro. Refiro-me a uma história mais geral do mundo. Essa é tão livre, tão imprevisível... não pode ser uma história como as outras. Não é difícil, por isso, perdermo-nos.
Mas há algumas sociedades onde não é bem assim. Há sociedades onde se faz crer às pessoas que estão numa história como as outras, ou num jogo. São essencialmente as sociedades governadas por regimes ditatoriais. Tornam a vida como que encerrada num parque temático. Existe nesssas sociedades uma leitura das coisas ao minuto. É escrito um guião encantatório. É dada uma coerência geral aos acontecimentos, é narrada uma história, portanto. Talvez por isso possa ser hipnótico viver nelas...
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A vida, o mundo - como chamar a isto em que estamos imersos, em que essencialmente somos espectadores, mas onde, na realidade, temos uma ínfima percentagem de protagonismo? É essa percentagem que nos impede de dizermos que estamos a assistir a um filme quando vemos as notícias. Ao mesmo tempo, aliás, muita coisa separa este mundo de uma história. Porque existe uma intenção, uma direcção, coerência nas histórias que conhecemos. E isso não é visível na "história" que vivemos.
Às vezes sinto um absurdo em não estar também numa história. Porque em todo o lado são histórias. Estamos constantemente a absorver e a criar histórias. É uma característica do ser humano, fruto, provavelmente, da sua necessidade de escapar ao acaso. Adoramos histórias, ficamos felizes ao entrarmos nelas. Assim, devia também, ao longo dos anos, haver uma história mais evidente no mundo. É claro que podemos chegar ao fim da vida e fazer a nossa história. Contudo, isso só pode acontecer em retrospectiva. E, de qualquer maneira, não é a essa história tão pessoal que me refiro. Refiro-me a uma história mais geral do mundo. Essa é tão livre, tão imprevisível... não pode ser uma história como as outras. Não é difícil, por isso, perdermo-nos.
Mas há algumas sociedades onde não é bem assim. Há sociedades onde se faz crer às pessoas que estão numa história como as outras, ou num jogo. São essencialmente as sociedades governadas por regimes ditatoriais. Tornam a vida como que encerrada num parque temático. Existe nesssas sociedades uma leitura das coisas ao minuto. É escrito um guião encantatório. É dada uma coerência geral aos acontecimentos, é narrada uma história, portanto. Talvez por isso possa ser hipnótico viver nelas...