<$BlogRSDUrl$>

Tuesday, February 14, 2006

germes(?)

A propósito dos conflitos civilizacionais a que estamos a assistir, cito um parágrafo do Daniel Dennet (em A liberdade evolui) [o que não quer dizer que faça das palavras dele as minhas]:

Foram os germes europeus que conduziram as pessoas do hemisfério ocidental à beira da extinção uma vez que essas pessoas não tinham tido uma história que lhes permitisse desenvolver uma tolerância aos mesmos. Neste século serão os nossos memes [o que se pode traduzir como "unidades de cultura"], tanto tónicos como tóxicos, que irão espalhar a destruição pelo mundo impreparado. Não podemos presumir que os outros têm a nossa capacidade para tolerar os excessos tóxicos da liberdade nem podemos simplesmente exportá-la como mais uma mercadoria. A educabilidade praticamente ilimitada de qualquer ser humano dá-nos a esperança do êxito, mas a concepção e a implementação da inoculação cultural necessária para repelir a catástrofe e ao mesmo tempo o respeito pelos direitos dos que dela estão necessitados será uma tarefa urgente de grande complexidade, requerendo não somente melhores ciências sociais como também sensibilidade, imaginação e coragem. O alargamento da área da saúde pública com vista a incluir a saúde cultural será o maior desafio deste século.

(PS: Aqui ao lado, lá por o artista ser o mesmo não quer dizer que a música não mude! Oiçam! É como um post suplementar.)

|

Tuesday, February 07, 2006

A sorte

Este post vem a propósito do último filme de Woody Allen, que acabei de ver. É genial. Acho importante que de vez em quando um ser humano reconheça o valor da sorte, do acaso. A sorte é precisamente o que se pode chamar uma 'ideia perigosa'. Daquelas coisas de que se nos falarem sobre o seu papel e valor concordamos, mas de que depois não nos queremos lembrar mais. Não vale a pena pensar na sorte como motor de tudo, simplesmente não leva a lado nenhum. Mas é muito provavelmente essa a verdade... a de que só existe acaso (como repetidamente vou escrevendo neste blog).
Há uns tempos escrevi este post aqui:

"Quem decide quando acaba um aplauso? Como é gerida uma multidão nesse momento? Porque decidem as pessoas parar de aplaudir a certa altura? O que as leva a fazerem-no? Quem dirige um bando de aves? Quem decide por onde voam? Nós, como tudo na Natureza, estamos sempre dependentes de feedbacks positivos ou negativos. Estamos constantemente à espera dos outros para agir; até alguém tomar alguma iniciativa e nos guiar para um lado qualquer e a seguir se esconder e outro, depois, pegar nessa direccção e fazer qualquer coisa dela e assim por diante. Por isso é que cada um neste planeta tem uma palavra a dizer sobre o rumo de todos. "

Indo mais longe, quem age e toma as iniciativas fá-lo por sorte, por acaso, sem nenhum grande motivo para isso. Nunca ninguém pensa demasiado na vida; isto não é um filme, nós não somos os argumentistas que escrevem a história do princípio ao fim. As coisas vão acontecendo... por sortes... e é assim que tudo se vai mexendo.
Mas, mais uma vez, não nos digam que é por causa da sorte. Simplesmente esquecemo-nos disso logo a seguir.

|

This page is powered by Blogger. Isn't yours?

Weblog Commenting and Trackback by HaloScan.com
hits.